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Após manutenção da Selic e retirada do "forward guidance", taxas operam estáveis no Tesouro Direto

Além do comunicado do Copom, investidores acompanham avanço da pandemia e cena política, no Brasil; no exterior, posse de Joe Biden nos EUA é o destaque

SÃO PAULO – As taxas pagas pelos títulos públicos negociados via Tesouro Direto operam próximas da estabilidade na manhã desta quinta-feira (21), com os investidores repercutindo a decisão de política monetária no Brasil e o avanço da pandemia no país.

Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu pela manutenção da taxa básica de juros em 2% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado financeiro.

No comunicado divulgado após a reunião, a autoridade monetária retirou a política de “forward guidance” (prescrição futura, em tradução livre), em que se comprometia a não elevar os juros enquanto as expectativas e projeções de inflação de seu cenário básico se mantivessem abaixo do centro da meta no horizonte relevante.

De toda forma, o Copom reiterou que o fim do mecanismo “não implica mecanicamente uma elevação da taxa de juros, pois a conjuntura econômica continua a prescrever, neste momento, estímulo extraordinariamente elevado frente às incertezas quanto à evolução da atividade”.

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Na avaliação da XP Investimentos, a ênfase do comunicado nas incertezas de crescimento no primeiro trimestre, assim como o fim do “forward guidance”, mostram um BC se preparando para iniciar um ciclo de alta de juros já na primeira metade do ano.

Caio Megale, economista-chefe da XP, ressaltou que, apesar desses indícios, o BC não terá pressa para elevar a Selic. Contudo, deve antecipar o ciclo de ajuste.

“Acreditamos que a elevada incerteza sugere cautela ao reduzir o grau de estímulo. Contudo, os dados recentes – atividade melhor no final do ano passado, choque inflacionário se prolongando – e a sinalização do comunicado nos fazem acreditar que o Copom optará por antecipar o ciclo de alta de juros para maio (antes, agosto). Projetamos agora a Selic em 3,50% no final de 2021 (antes 3,00%) e 4,50% em 2022 (antes 4,00%)”, apontou em relatório (confira aqui).

Levantamento realizado pela equipe de fundos da XP com 32 gestoras de estratégia multimercado macro, antes da decisão, mostra que a mediana das projeções para o juro básico ao fim de 2021 subiu para 3,63%, com uma aposta majoritária de que o aperto monetário terá início no segundo trimestre.

Em relatório, o Goldman Sachs revisou suas projeções e agora vê o BC elevando os juros mais cedo, entre maio e junho, ante agosto anteriormente.

Já a avaliação do Bradesco é a de que a retirada da prescrição futura na comunicação do Copom não implica uma alta iminente da taxa básica de juros.

“Continuamos avaliando que o BC manterá a Selic estável na próxima reunião, iniciando um ciclo de normalização nos próximos meses, levando a Selic a 4,0% no final deste ano”, escrevem os analistas do banco.

No mais recente boletim Focus, a projeção para a taxa Selic no fim do ano é de 3,25%, e de 4,75% em 2021.

No programa de compra e venda de títulos públicos do governo federal, o papel indexado à inflação com vencimento em 2045 pagava, na abertura dos negócios, uma taxa anual de 3,68%, ante 3,67% na tarde de ontem.

O prêmio oferecido pelo mesmo papel com juros semestrais e prazo em 2040, por sua vez, era de 3,77% ao ano – o mesmo pago anteriormente.

Entre os com retorno prefixado, o papel com vencimento em 2026 pagava um prêmio anual de 7,07% nesta manhã, ante 7,08% no pregão anterior. Já a taxa oferecida pelo mesmo papel com juros semestrais e prazo em 2031 era de 7,52%, contra 7,55% ontem.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos nesta quinta-feira (21):

Além da repercussão da decisão de política monetária na véspera, os investidores monitoram o avanço do coronavírus no país.

Em São Paulo, em meio à piora da pandemia no estado, o governo confirmou ontem que haverá uma nova reclassificação do Plano São Paulo na próxima sexta-feira (22).

No âmbito nacional, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que não há prazo para receber do Instituto Serum, da Índia, as 2 milhões de doses da vacina desenvolvida por AstraZeneca e Universidade de Oxford, ou para receber insumos da China para produção local de vacinas. A afirmação foi feita ontem, durante a comissão externa criada pela Câmara dos Deputados para discutir o enfrentamento da pandemia.

O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, reuniu-se nesta quarta-feira, por meio de videoconferência, com os ministros da Saúde, Eduardo Pazuello, da Agricultura, Teresa Cristina, e das Comunicações, Fábio Faria, para discutir o atraso no envio de insumos farmacêuticos a para produção de vacinas contra a covid-19 no Brasil.

Na cena política, reportagem do jornal Valor Econômico afirma que o ministro da Economia Paulo Guedes conseguiu convencer o presidente Jair Bolsonaro a vetar um artigo do PLP 135 de 2020, de autoria do senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que muda a Lei de Responsabilidade Fiscal.

O artigo proibia que recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, voltados para ciência e tecnologia, fossem contingenciados, ponto revertido pelo veto de Bolsonaro. Assim, Guedes garante mais espaço para contingenciamento de recursos e para respeitar o teto de gastos.

Atenção ainda para as disputas na Câmara e no Senado. Enquanto a senadora Simone Tebet (MDB-MS), na disputa pela presidência do Senado, busca fazer aproximação com empresários e setores da sociedade civil, o candidato à presidência da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que, se eleito, sua prioridade será resolver a questão orçamentária, em detrimento da Covid-19.

Na cena externa, os mercados repercutem o início do governo democrata de Joe Biden, nos Estados Unidos.

O novo presidente deve começar a trabalhar imediatamente em sua proposta de pacote de auxílio de US$ 1,9 trilhão, anunciado na semana passada.

Biden também divulgou ontem o retorno dos EUA ao Acordo de Paris, pelo qual os participantes se comprometem a limitar suas emissões de gases estufa como forma de reduzir a mudança climática. Prometeu ainda fazer com que o país se reintegre à Organização Mundial de Saúde (OMS).

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