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Após IPOs de Méliuz e Enjoei, movimento de startups na Bolsa deve crescer, diz sócio da Monashees

As duas empresas foram investidas do fundo de venture capital, que possui cerca de 83 companhias ativas em seu portfólio

SÃO PAULO – De um mês para o outro o volume total de recursos capitados por startups na Bolsa brasileira, a B3, passou de zero para R$ 1,79 bilhão. As duas empresas protagonistas desses números foram a plataforma de brechós Enjoei (ENJU3) e a companhia de cashback Méliuz (CASH3), que fizeram suas oferta em novembro de 2020. Por trás de ambas as histórias está a gestora de venture capital brasileira Monashees. Para Marcelo Lima, sócio da gestora, o acontecimento foi um marco que deve estimular outros empreendedores a levar suas startups para a Bolsa.

“Tradicionalmente, o capital para empresas de tecnologia no Brasil sempre veio dos Estado Unidos e da Ásia. Isso criava uma série de restrições. Ter o caminho do IPO [ oferta inicial de ações, na sigla em inglês] destrava muita oportunidade de crescimento”, disse durante conferência para investidores organizada pelo banco Credit Suisse.

Embora Lima não tenha falado especificamente das empresas investidas pela Monashees, é bem provável que algumas delas venham ao mercado em breve. A gestora — fundada em 2005 por Eric Acher, executivo com passagens pela McKinsey e pelo General Atlantic, e por Fabio Igel, herdeiro da família que controla o grupo Ultra — possui cerca de 83 companhias ativas em seu portfólio. São nomes como a startup de logística Loggi, o e-commerce de móveis MadeiraMadeira, o banco Neon, o e-commerce de produtos para pets Petlove e startup de entregas Rappi.

A pioneira de venture capital no Brasil já levantou nove fundos de venture capital. O mais recente, em 2019, foi de US$ 280 milhões. Agora, a gestora ,que sempre focou em rodadas semente e series A, está montando um novo fundo para investir em empresas até o estágio pré-IPO.

O apetite dos investidores por companhias de tecnologia no Brasil parece alto. Desde o IPO, as ações da Méliuz já subiram 180% e as da Enjoei, 57%. Ao contrário de outros setores, em que as companhias tendem a entrar na Bolsa com uma posição já consolidada no mercado, no caso das startups o IPO acontece em um momento em que ainda lutam para construir a parte central de seus negócios.

“Agora com capital aberto a pressão é um privilégio. A gente já é acostumado a ter sócio e esse frio na barriga motiva a levar a companhia para o próximo estágio”, afirmou Tiê Lima, fundador da Enjoei, sobre o processo de IPO em painel do Credit Suisse. Segundo o empreendedor, o objetivo da companhia, fundada em 2009, é ser uma plataforma que vai auxiliar marcas a participarem da economia circular.

“A gente entende que trazer as marcas para participarem desse processo pode ser muito gigantesco. As marcas de moda estão lutando para se tornarem ominichannel. A gente quer fazer parte do omnichannel delas”, afirmou. Na semana passada, a empresa anunciou uma parceria com a varejista C&A em que oferece créditos ao consumidor em troca de roupas usadas.

Para Israel Salmen, da Méliuz, o IPO vai auxiliar a companhia a desenvolver novos produtos e serviços em sua plataforma. Hoje, a Méliuz se define como uma plataforma de engajamento online que quer oferecer muito mais do que apenas cashback. O caminho passa por oferecer serviços financeiros dos mais variados, como seguros e pagamentos. Confira mais detalhes sobre a história e o plano de crescimento da Méliuz no podcast Do Zero ao Topo.

O mercado de venture capital no Brasil começou a se desenvolver entre 2010 e 2011, com um volume que oscilava entre US$ 40 e US$ 50 milhões por ano. Em 2019, o volume chegou a US$ 4,4 bilhões. Para Marcelo Lima, da Monashees, é apenas o começo. “O venture capital ainda representa 0,09% do PIB do Brasil enquanto nos Estados Unidos o percentual é de 0,5%, 0,6% do PIB”, afirmou.

Segundo o investidor, a América Latina está posicionada hoje para ser a região que se transformará na próxima potência de tecnologia, a exemplo do que já ocorreu na China, nos Estados Unidos e na Europa.

No estágio atual, segundo Marcelo, já temos empreendedores e funcionários que construíram grandes carreiras em startups já vendidas e começam a montar novas companhias. “Hoje já há pessoas com experiência em produto e tecnologia, algo que não tínhamos antes. Fica mais fácil de o mercado crescer”, disse.

Segundo o investidor, ter boas pessoas na execução é um dos principais fatores que levou a Monashees a investir no series A tanto da Enjoei quanto da Méliuz. “Buscamos empreendedores que conhecem muito o seu mercado, com uma ambição grande, brilho no olho, resiliência e visão de futuro. Além disso, chamou atenção o fato de os dois negócios estarem atacando mercados grandes e com muito espaço para resolver problemas”, afirmou.

Confira a história completa da Méliuz no podcast Do Zero ao Topo.

 

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